sex. dez 1st, 2023

SBTOX

Sabedoria Detox

70 anos de contrastes e canes de Jards Macalé

Quase entrando no time dos ‘70’, Jards Macalé resolveu comemorar do melhor jeito possível: criando música, lançando álbum e fazendo show. A gente assina embaixo, mas admite que também é o momento perfeito de entender e reverenciar o legado que Macalé construiu.

Vamos admitir, em primeiro lugar, que o músico deve liderar a “lista dos maiores artistas brasileiros que não são devidamente reconhecidos”. Ele não chega a ser um outsider, mas nem de longe se compara em popularidade com os seus parceiros e outros feras da mesma geração, como Caetano, Gil, Chico, Rita Lee, Ben Jor, Gal, Bethânia, Paulinho da Viola e outros.

Não tem muita explicação. Ele esteve com esse mesmo grupo durante as últimas décadas. Produziu, compôs e tocou em quase todos os álbuns mais marcantes desses artistas nas décadas de 60 e 70.

A verdade é que Jards Macalé é um dos ‘caras’ da cultura no Brasil e, infelizmente, a gente não sabe tanto sobre quanto deveria. Vamos fazer a nossa parte para corrigir isso com uma seleção de 7 músicas que são clássicos, mas que ninguém liga o nome a pessoa. Até agora

A redescoberta da obra do artista veio com a gravação de “Vapor Barato”, pelo O Rappa. A música tinha sido composta por ele e o poeta Wally Salomão, nos anos 70, e tinha sido sucesso na época com Gal Costa, com quem Jards trabalhou por mais de 20 anos. Depois da versão do grupo carioca, no final dos anos 90, ainda teve a vez de Zeca Baleiro fazer a sua e até Daniela Mercury.

A parceria entre Jards e Salomão rendeu outras pérolas que não cansam de serem regravadas. “Negra Melodia” já encontrou a voz de Macalé, Luiz Melodia, Itamar Assumpção e até os indies Vulgo Qinho & Os caras – artistas do Oi Novo Som.

Tem também “Anjo Exterminado”, interpretada em pelo menos 3 álbuns de artistas diferentes. Maria Bethânia, Jards e Adriana Calcanhoto já apresentaram ela.

Mas não foi só com Wally Salomão que o músico trabalhou. Outro poeta tropicalista também foi seu parceiro. Com José Carlos Capinam ele compôs “Movimento dos Barcos”. Mais conhecida na voz de Maria Bethânia, mas Toni Platão também deixou sua marca.

Outra cantora que cantou músicas de Jards foi Nara Leão. Quando o artista estava começando, bem antes da Tropicalia, a voz da bossa-nova cantou uma de suas composições, “Amo Tanto”.

Macalé foi um artista de parceiros improváveis e Vinícius de Moraes foi um deles. A canção dos dois, “O mais que perfeito”, foi eternizada por Clara Nunes, em 1973.

Outra música que merece ser lembrada é “Tira os óculos e recolhe o homem”. Escrita com o veterano Moreira da Silva, quando foi apresentada pela dupla no Festival da TV Tupi, em 1979, o que eles ouviram foi uma sonora vaia. Vai entender.